quinta-feira, 30 de maio de 2013



“Pela Oração não é que atraímos Cristo dos Céus: descobrimo-lo no fundo de nós mesmos. Por causa do Seu Amor desmesurado, da Sua misericórdia extrema e da irrevogável oferta feita de Si mesmo pela minha salvação, quis habitar, pelo baptismo, nas profundidades do nosso homem novo. É na Oração que O encontramos, de pé, à porta do nosso coração, batendo suave mas ininterruptamente, até que nos dignemos abrir-Lhe (Ap 3, 20). Quando, pela Oração, timidamente Lhe abrimos a porta, Ele irrompe, avança resolutamente, habita por completo a nossa vida e de imediato nos liberta do sombrio mundo das trevas e realiza a nossa ressurreição”.

Padre Matta El-Maskîne, monge egípcio, em “La experiencia de Dio sen la vida de Oraciòn”.

quarta-feira, 1 de maio de 2013


Precisamos de um sacerdote que entenda de humanidade e de graça divina. Um sacerdote que, como Jesus e em seu nome, perdoe os nossos pecados, reze por nós, ofereça por nós o Sacrifício do altar, nos dê a Comunhão e, nos ofereça, com generosidade o alimento da Eucaristia e da Palavra de Deus. Um sacerdote que, como o Senhor Jesus, nos console nos momentos difíceis, anime para continuar caminhando como cristãos - com confiança e esperança - pelo caminho da vida e esteja ao nosso lado nos momentos decisivos da passagem à vida eterna. Neste sentido, o Santo Cura de Ars dizia que a maior bênção para uma paróquia era ter um sacerdote conforme o Coração de Cristo.
Isto são os sacerdotes.
Cf. Celso Morga Iruzubieta, Secretário da Congregação para o Clero, in “Palabra”, Abril de 2013, nº 598, pg. 53
Tradução do autor deste blog.
PALAVRA DE VIDA
Maio de 2013
Chiara Lubich
 
«Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço» (Lc 6, 38).
Nunca te aconteceu receberes uma prenda de um amigo e sentires logo o desejo de lhe retribuir? E de o fazeres não tanto para cumprir uma obrigação, mas por um sentimento de verdadeiro amor e reconhecimento? Tenho a certeza que sim.
Se isto sucede connosco, imagina como será com Deus, com Deus que é Amor.
Ele retribui sempre todas as ofertas que fazemos aos nossos próximos em Seu nome. É uma experiência que os cristãos verdadeiros fazem com muita frequência. E, de cada vez, é sempre uma surpresa. Nunca nos habituamos à imaginação de Deus. Poderia dar-te mil ou dez mil exemplos. Poderia até escrever um livro acerca disso. Verias como é verdadeira aquela imagem: «uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço», que representa a abundância com que Deus retribui, e representa a Sua magnanimidade.
«Já era noite em Roma. No apartamento de uma cave, um pequeno grupo de raparigas, que queriam viver o Evangelho, davam as boas-noites. Nisto, toda a campainha. Quem seria àquela hora? Era um homem, em pânico, desesperado: no dia seguinte ia ser expulso de casa com a família, porque não tinha dinheiro para pagar a renda. As raparigas olharam umas para as outras e, num acordo silencioso, abriram a gavetinha onde, em envelopes separados, tinham guardado o resto dos seus salários e uma reserva para pagar o gás, o telefone e a eletricidade. Deram tudo àquele homem, sem pensar duas vezes. E foram dormir, felizes. Alguém haveria de pensar nelas. Mas ainda o dia não tinha nascido, quando o telefone tocou. “Vou já para aí, num táxi”, disse aquele mesmo homem. Admiradas com o meio de transporte que ia usar, as raparigas ficaram à sua espera. Pela expressão do visitante, qualquer coisa tinha mudado: “Ontem à noite, quando cheguei a casa, encontrei uma carta a comunicar-me uma herança que nunca pensei que fosse receber. O meu coração sugeriu-me logo que vos desse metade do dinheiro”. A quantia era exatamente o dobro daquilo que elas, generosamente, tinham dado».
«Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço» (Lc 6, 38).
Por acaso também já fizeste uma experiência deste género? Se ainda não, lembra-te que a nossa oferta deve ser feita desinteressadamente, a quem quer que nos peça, sem esperar que seja retribuída.
Experimenta. Mas não o faças para ver o resultado, mas só porque amas a Deus.
Vais dizer-me: «Mas eu não tenho nada».
Não é verdade. Se quisermos, temos tesouros imensos e inesgotáveis: o nosso tempo livre, o nosso afeto, o nosso sorriso, o nosso conselho, a nossa cultura, a nossa paz, a nossa palavra para convencer aqueles que podem dar qualquer coisa a quem não tem...
Vais-me dizer ainda: «Mas eu não sei a quem dar».
Olha à tua volta: lembra-te daquele doente no hospital, daquela senhora viúva sempre sozinha, daquele teu colega tão desanimado porque perdeu o ano, daquele jovem desempregado sempre triste, do teu irmãozito que precisa da tua ajuda, daquele amigo que está na cadeia, daquele aprendiz hesitante. É neles que Cristo está à tua espera.
Assume um novo tipo de comportamento, o do cristão – totalmente impregnado de Evangelho –, que é um comportamento anti-egoísta e despreocupado. Renuncia a pôr a tua segurança nos bens da Terra e apoia-te em Deus. Assim é que se vai ver a tua fé n’Ele. E em breve será confirmada, pela oferta que voltarás a receber.
E é lógico que Deus não procede assim para te enriquecer ou para nos enriquecer. Ele faz isso para que outros, muitos outros, ao ver os pequenos milagres que se realizam com o nosso dar, também façam o mesmo.
Ele faz isso para que, quanto mais tivermos, mais possamos dar. Para que – como verdadeiros administradores dos bens de Deus – façamos circular tudo na comunidade que nos rodeia, até que se possa dizer, como se dizia da primeira comunidade de Jerusalém: entre eles não havia nenhum pobre (cf. At 4, 34).
Vais sentir que, assim, contribuis para dar uma segurança interior à revolução social que o mundo espera.
«Dai e ser-vos-á dado». É claro que Jesus estava a pensar, em primeiro lugar, na recompensa que vamos receber no Paraíso. Mas tudo o que acontece nesta Terra é já um prelúdio e uma garantia do Paraíso.
Palavra de Vida. Comentário de 1978, publicado em Città Nuova, 1978/10 e 2008/18, p. 9.