terça-feira, 14 de agosto de 2012

Transparência do Rosto de Deus
“… concedei-nos a graça de aspirarmos sempre às coisas do alto…” (da Oração Colecta da Solenidade da Assunção de Nª Srª), “… fazei que os nossos corações, inflamados na caridade, se dirijam continuamente para Vós...” (Oração Sobre as Oblatas da Solenidade da Assunção de Nª Srª), “O templo de Deus abriu-se no Céu ... Apareceu no Céu um sinal grandioso: ... E apareceu no Céu outro sinal: … A cauda arrastava um terço das estrelas do céu … E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu: ...” (cf. Ap 11, 19a; 12, 1-6a.10ab).
Aos mais distraído, pode parecer que os textos da Missa da Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Santa Maria, convidam a comunidade cristã a assumir uma atitude de alienação frente à vida: “aspiremos às coisas do alto”, “que os nossos corações se dirijam continuamente para Vós”, “Céu… Céu… Céu… Céu e Céu…”.
Mas de facto, não é assim… A necessidade absoluta de Deus e das “coisas” do alto que, o Bom Deus plantou no nosso coração e que, a solenidade da Assunção de Nossa Senhora nos convida a valorizar, alimentar e fazer crescer, não nos aliena. Pelo contrário, mergulhando em Deus e na Sua vida, o nosso olhar purifica-se de interesses mesquinhos e humanos, passamos a ver com os olhos do próprio Deus, o que nos torna mais sensíveis às dores e necessidades da Terra. O que faz de cada cristão, gente mais solidária, gente em quem desabrocha uma necessidade absoluta de se empenhar na construção de um mundo melhor, mais humano, mais luminoso e belo. De um mundo que seja transparência do Rosto de Deus.
De Maria, aprendamos a ser e viver assim… pois, o Seu canto do Magníficat brota de um coração e de uma vida completamente encantados, enamorados, necessitados e cheios do Deus de quem é Filha, Mãe e Esposa.
Contudo e, mesmo se, como o girassol, não pode viver e deixar de nutrir-se de Deus Seu Salvador que poisou sobre ela o Seu Olhar (cf. Lc 1, 48), “pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha” (Lc 1, 39) e “ficou junto de Isabel cerca de três meses” (Lc 1, 56) para lhe valer, a aliviar e servir.
Maria, foi certamente o modelo e fonte de inspiração do Beato Domingos de Borba. Deixando-se aprisionar por uma necessidade absoluta de Deus, permitiu que a Graça lhe dilatasse o coração à medida do universo, por isso se lançou na “divina aventura” de partir para o Brasil, pois não conseguia conter o que lhe ia no coração e deixar de dizer a todos que Deus os ama, mesmo correndo o risco de dar a vida, por causa do Evangelho, como veio a verificar-se.
Maria, foi certamente o modelo e fonte de inspiração da Serva de Deus Madre Isabel Caldeira. Tendo-se alimentado com o Pão dos Anjos, permitiu que a Graça lhe plantasse no coração uma “gostosa fome” que a levou a dar-se e gastar-se por inteiro aos serviço dos mais pobres dos pobres, reconhecendo neles o rosto de Deus e sendo junto deles presença maternal da “Toda Pura”.
Maria, foi certamente o modelo e fonte de inspiração de Santa Beatriz da Silva. Deixando-se encantar pela Beleza absoluta de Deus, permitiu que a Graça a chamasse e levasse ao deserto para a desposar e lhe falar ao coração (cf. Os 2, 16), vivendo escondida e oculta, procurando a Deus e cantando os seus louvores, reproduzindo na sua vida, a vida da Imaculada, oferecendo a sua vida como oblação ao Deus Uno e Trino, em favor da inteira cidade humana. Viveu gritando a todos, a partir do silêncio do claustro que, Deus é o segredo, o tesouro escondido no campo, a pérola preciosa (cf. Mt 13, 44-46) pelos quais vale a pena deixar tudo. Absolutamente tudo. Tornando-se assim, fonte de graça para todos.
Virgem elevada ao Céu em Corpo e alma,
fazei que, “aspiremos às coisas do alto”,
mergulhemos no seio da Trindade que nos habita
e, purificado o nosso olhar, passemos a ver com os olhos de Deus
e nos lancemos apressadamente pelos caminhos do mundo,
empenhando-nos na construção de um mundo melhor,
mais humano, mais luminoso e belo.
De um mundo que seja transparência do Rosto de Deus
de que Sois Filha, Mãe e Esposa.
Ámen.
Borba, 14 de Agosto de 2012
P. Marcelino José Moreno Caldeira

quarta-feira, 8 de agosto de 2012


Hoje, Dia do Pai São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Pregadores(Dominicanos)...
... há 25 anos fui noviço entre os filhos de São Domingos...
Deus conduziu-me por outros caminhos de consagração, mesmo assim muito lhe devo.
MUITO OBRIGADO SÃO DOMINGOS, pelo testemunho de radicalidade evangélica e pela paixão contagiante por Jesus caminho, VERDADE e vida.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Jer 18, 1-6
Palavra que o Senhor dirigiu ao profeta Jeremias: «Levanta-te e desce à casa do oleiro; ali te farei ouvir as minhas palavras». Eu desci à casa do oleiro e encontrei-o a trabalhar na roda. Quando o vaso que ele estava a moldar não saía bem, como acontece com o barro nas mãos do oleiro, ele começava de novo e fazia outro vaso, como lhe parecia melhor. Então o Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Não poderei Eu tratar-vos como este oleiro, ó casa de Israel? – diz o Senhor –. Como o barro nas mãos do oleiro, assim estais vós na minha mão, ó casa de Israel».

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

PALAVRA DE VIDA
Agosto de 2012
Chiara Lubich
«Àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado». (Mt 13, 12)
Esta foi a resposta de Jesus aos seus discípulos, quando Lhe perguntaram porque é que falava por meio de parábolas. Ele explica que nem a todos é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas só às pessoas bem preparadas, àquelas que aceitam as Suas palavras e as vivem.
De facto, entre os seus ouvintes, estavam pessoas que fechavam voluntariamente os olhos e os ouvidos de forma que «vêem, sem ver, e ouvem, sem ouvir nem compreender» (Mt 13, 13). São aqueles que vêem e ouvem Jesus mas, pensando que já conhecem toda a verdade, não acreditam nas Suas palavras, nem nos factos que as confirmam. E, assim, acabam por perder até aquele pouco que têm.
«Àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado». (Mt 13, 12)
Qual é, então, o significado desta frase de Jesus? Ele convida-nos a abrir o nosso coração à Palavra que nos veio anunciar, e da qual nos pedirá contas no fim da vida.
Os escritos evangélicos mostram-nos que o anúncio desta Palavra está no centro de todos os desejos e de toda a atividade de Jesus. Nós vemo-Lo ir de aldeia em aldeia, pelas estradas, pelas praças, pelos campos, entrar nas casas, nas sinagogas, para anunciar a mensagem da salvação, dirigindo-se a todos, mas sobretudo aos pobres, aos humildes, àqueles que tinham sido marginalizados. Ele compara a sua Palavra à luz, ao sal, ao fermento, a uma rede lançada ao mar, à semente semeada no campo. E irá dar a vida para que o fogo, que a Palavra contém, se alastre.
«Àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado». (Mt 13, 12)
Jesus espera que a Palavra, que Ele anunciou, produza a transformação do mundo. Por isso, não aceita que, diante desse anúncio, se possa permanecer neutro, apático ou indiferente. Não admite que, depois de se receber uma riqueza tão grande, se possa permanecer improdutivo.
E, para sublinhar esta sua exigência, Jesus reafirma aqui uma sua lei, que está na base de toda a vida espiritual: se alguém puser em prática a sua Palavra, Ele introduzi-lo-á, cada vez mais, nas riquezas e nas alegrias incomparáveis do seu Reino. Pelo contrário, se alguém não fizer caso desta Palavra, Jesus tirar-lha-á e confiá-la-á a outros, para que a façam frutificar.
«Àquele que tem, ser-lhe-á dado e terá em abundância; mas àquele que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado». (Mt 13, 12)
Esta Palavra de Vida põe-nos, portanto, de sobreaviso contra uma falta grave em que podemos cair: isto é, considerar o Evangelho unicamente como objeto de estudo, de admiração, de discussão, mas sem o pôr em prática.
Pelo contrário, Jesus espera que nós recebamos a Palavra e a encarnemos dentro de nós, fazendo com que se torne a força que alimenta todas as nossas atividades. E, assim, através do testemunho da nossa vida, será aquela luz, aquele sal, aquele fermento que, pouco a pouco, vai transformando a sociedade.
Tomemos, então, em evidência, durante este mês, uma das muitas Palavras de Vida do Evangelho e coloquemo-la em prática. E a nossa alegria multiplicar-se-á.
Escrita em 1996 - Publicada em Città Nuova, 1996/12, pp. 32-33