quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Oração pelo Haiti
Deus, nossa esperança,
confiamos-te as vítimas do terramoto no Haiti.
Desconcertados pelo incompreensível sofrimento dos inocentes,
pedimos-te que inspires o coração
dos que procuram levar auxílio,
que é tão indispensável.
Conhecemos a fé profunda do povo do Haiti.
Assiste os que morrem,
fortifica os que estão abatidos,
consola os que choram,
derrama o teu Espírito de compaixão sobre este povo
em tamanha provação.
irmão Alois, prior de Taizé
Igreja da Reconciliação,
Taizé Domingo, 17 de Janeiro de 2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

«Deixo-te a minha devoção pelos Três, pelo “Amor”.
Vive, no interior, com Eles no céu da tua alma; o Pai te cobrirá com a sua sombra, colocando como que uma nuvem entre ti e as coisas terrenas para te guardar toda sua, Ele há-de comunicar-te o poder para que o ames com um amor forte como a morte; o Verbo há-de se imprimir na tua alma, como num cristal, a imagem da sua própria beleza, para que sejas pura da pureza dele, luminosa, da sua luz; o Espírito Santo virá transformar-te numa lira misteriosa que, no silêncio, sob o toque divino, há-de produzir um magnífico cântico ao Amor; então serás “o louvor da sua glória”.
A Trindade, eis a nossa morada, o nosso “lar”, a casa paterna donde nunca devemos sair.»
Beata Isabel da Santíssima Trindade ocd

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

«Vou dar-lhe o meu “segredo”: pense neste Deus que a habita e de que é o templo; é São Paulo quem assim fala, podemos acreditá-lo. Pouco a pouco a alma habitua-se a viver na sua doce companhia, começa a compreender que traz em si um pequeno Céu em que o Deus de amor fixou a sua morada. Então, é como que uma atmosfera divina na qual respira, diria mesmo que só o corpo é que fica na terra, mas a alma habita acima das nuvens e dos véus, n’Aquele que é Imutável.»
Beata Isabel da Santíssima Trindade ocd

domingo, 24 de janeiro de 2010

Tomai, Senhor, e recebei
toda a minha liberdade,
a minha memória,
o meu entendimento
e toda a minha vontade,
tudo o que tenho e possuo;
Vós mo destes;
a Vós, Senhor, o restituo.
Tudo é vosso,
disponde de tudo,
à vossa inteira vontade.
Dai-me o vosso amor e graça,
que esta me basta.
Santo Inácio de Loyola

domingo, 17 de janeiro de 2010

«Deus uno e Trino
abre-se ao homem, ao espírito humano.
O sopro recôndito do Espírito divino
faz com que o espírito humano,
por sua vez, se abra diante de Deus
que se abre para ele,
com desígnio salvífico e santificante.
Pelo dom da graça,
que vem do Espírito Santo,
o homem entra "numa vida nova",
é introduzido na realidade sobrenatural
da própria vida divina
e torna-se "habitação do Espírito Santo",
"templo vivo de Deus".
Com efeito, pelo Espírito Santo,
o Pai e o Filho vem a ele
e fazem nele a sua morada.
Na comunhão de graça com a Santíssima Trindade
dilata-se "o espaço vital" do homem,
elevado ao nível sobrenatural da vida divina.
O homem vive em Deus e de Deus,
vive "segundo o Espírito"
e "ocupa-se das coisas do Espírito"»
João Paulo II
Carta Encíclica "Dominum e Vivificantem", 58

sábado, 16 de janeiro de 2010

“ «Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra;
e o meu Pai o amará,
Nós viremos a ele e nele faremos a nossa morada».”
(Jo 14, 23)
“Não sabeis que sois templo de Deus
e que o Espírito de Deus habita em vós?”
(1Cor 3, 16)
“Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo,
que habita em vós, porque o recebestes de Deus,
e que vós já não vos pertenceis?”
(1Cor 6, 19)
“Porque nós somos o templo do Deus vivo,
como o mesmo Deus disse:
Habitarei e andarei no meio deles,
Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.”
(2 Cor 6, 16)
“«não procedemos de acordo com a carne, mas com o Espírito [... ]
e se o Espírito daquele
que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós,
Ele, que ressuscitou Cristo de entre os mortos,
também dará vida aos vossos corpos mortais,
por meio do seu Espírito que habita em vós».”
(Rm 8,4.11)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Urgente - Ajudemos o HAITI
Um sismo com magnitude 7 na escala de Richter assolou o Haiti no passado dia 12 de Janeiro, o mais forte da sua história e um dos 15 mais violentos nos últimos 20 anos. Sendo um dos países com maior taxa de densidade populacional do Mundo, o Haiti é também o país mais pobre do continente Americano e de todo o hemisfério ocidental. O país encontra-se em destruição profunda, tendo sido atingidas a maioria das infra-estruturas locais – casas, escolas, hospitais, entre outros – bem como uma perda de vidas massiva e avultado número de feridos graves. As estimativas apontam para que haja pelo menos 3 milhões de pessoas afectadas, directa ou indirectamente. Dadas as dificuldades de comunicação e o caos em que se encontra neste momento o país, a verdadeira escala desta catástrofe é ainda desconhecida.
Perante tamanho sofrimento podemos deixar-nos abater pelo sentimento de impotência, pouco podemos fazer, mas alguma coisa podemos, primeiro que tudo, e porque somos cristãos, podemos rezar “...tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome ele vo-lo concederá” (Jo 15, 16), mas também PODEMOS AJUDAR O POVO DO HAITI, fazendo o nosso donativo, ou dando a nossa contribuição em alguma das seguintes ONGs:

CÁRITAS PORTUGUESA
Conta “Cáritas Ajuda Haiti”
com o NIB 003506970063000753053
da Caixa Geral de Depósitos.
Para saber mais, consultar a página Web: http://www.caritas.pt/

AJUDA À IGREJA QUE SOFRE (AIS)
Cheque / Vale postal passado à ordem da Fundação AIS
Transferência Bancária para NIB: 0032.010900200029160.73 *
Transferências internacionais SWIFT: BARCPTPL *
Depósito Bancário na conta nº 109-20-0029160 da Fundação AIS, no Banco Barclays *
(* No caso de efectuar o donativo por transferência ou depósito bancário, por favor, envie-nos uma cópia do talão ou indique-nos os dados da transferência por telefone, fax ou e-mail. Se desejar, indique também o projecto ou a campanha que pretende apoiar.)
Para saber mais, consultar a página Web: http://www.fundacao-ais.pt/cms/view/id/106

OIKOS
NIB: 0035 0355 00029529630 85
Conta da Caixa Geral de Depósitos
Para saber mais, consultar a página Web: http://www.oikos.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=360&Itemid=70

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

REZAR COM OS SALMOS...
Sentido Inicial
Este salmo é a meditação tranquila de um filho de Israel sobre a lei, semelhante à de um cristão que ama a Virgem e reza o terço.
O salmista parece ser um jovem que pergunta a Deus como há-de ele manter puro o seu caminho. A resposta dá-a ele próprio, dirigindo-se ao Senhor: Guardando as vossas palavras (9).
A partir daí, cada versículo é uma afirmação de fé desse jovem, que procura a Deus e conserva a sua palavra dentro do coração (10-12), a enuncia com os seus lábios e nela sente mais alegria do que em todas as riquezas (13-14), que promete meditá-la e pôr as suas delícias nessa palavra (15-16).
Sentido Actual
Um dia aproximou-se de Jesus um jovem e perguntou-lhe: «Mestre, que hei-de fazer de bom, para alcançar a vida eterna? Jesus respondeu-lhe: Se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos» (Mt 19, 16-17). Já fora essa a resposta do jovem salmista, quando a si próprio fizera idêntica pergunta. Os mandamentos são a palavra de Deus, e praticá-los é fonte de felicidade e caminho certo para chegar à vida eterna.
«Se Me amais, guardai os meus mandamentos» (Jo 14, 15), disse Jesus, não só aos jovens, mas a todos os que querem ser seus discípulos. Amar o Senhor é uma graça que se pede e se recebe, e guardar os seus mandamentos também.
Ensinai-nos, Senhor, a guardar a vossa palavra dentro do coração.
Salmo 118, (119) 9-16
Como há-de o jovem manter puro o seu caminho?
Guardando as vossas palavras.
De todo o coração Vos procuro,
não me deixeis afastar dos vossos mandamentos.
Conservo a vossa palavra dentro do coração,
para não pecar contra Vós.
Bendito sejais, Senhor,
ensinai-me os vossos decretos.
Enuncio com os meus lábios
todos os juízos da vossa boca.
Sinto mais alegria em seguir as vossas ordens
do que em todas as riquezas.
Hei-de meditar nos vossos preceitos
e olhar para os vossos caminhos.
Em vossos decretos ponho as minhas delícias,
não hei-de esquecer a vossa palavra.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
como era no princípio, agora e sempre. Ámen.
Comentário de Santo Agostinho
«Guardar as palavras do Senhor é realizar os seus preceitos, pois em vão as guardaríamos na memória se as não guardássemos na vida. Há quem aprenda de memória os preceitos do Senhor para não os esquecer, mas não os ponha em prática na vida para se emendar. O salmista não pergunta como há-de o jovem exercitar a sua memória, mas como há-de manter puro o seu caminho. Não se pode dizer que o caminho é bom quando a vida é má».
Oração Sálmica
Bendito sejais, Senhor Jesus, palavra eterna do Pai, que nos revelais a verdade e nos ensinais o caminho da vida eterna. Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo. Ámen.
in Saltério Litúrgico,
Secretariado Nacional de Liturgia / G.C. Gráfica de Coimbra Ldª, pgs 145-147

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Transparência de Jesus
Os presbíteros são chamados a prolongar a presença de Cristo, único e sumo Pastor, actualizando o seu estilo de vida e tornando-se como que a sua transparência no meio do rebanho a eles confiado. (…)
Os presbíteros são, na Igreja e para a Igreja, uma representação sacramental de Jesus Cristo Cabeça e Pastor, proclamam a sua palavra com autoridade, repetem os seus gestos de perdão e oferta de salvação, nomeadamente com o Baptismo, a Penitência e a Eucaristia, praticam a sua amável solicitude, até ao dom total de si mesmos, pelo rebanho que reúnem na unidade e conduzem ao Pai por meio de Cristo no Espírito. Numa palavra, os presbíteros existem e agem para o anúncio do Evangelho ao mundo e para a edificação da Igreja em nome e na pessoa de Cristo Cabeça e Pastor.
João Paulo II, Pastores dabo vobis 15

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Escuta-O
Palavras, palavras e mais palavras, pronunciadas ou pensadas.
Pedidos, súplicas, louvores, acções de graças…
Palavras, palavras e mais palavras, chuvas de palavras, quando “uma só coisa é necessária e Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (cf. Lc 10, 42), é que "Maria, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra" (cf. Lc 10, 39).
Não posso deixar de me permitir reclinar o rosto ao Seu peito (cf. Jo 13, 23), pois Ele quer mergulhar-me no Oceano de Amor do Seu Coração e dizer-me “palavras de Vida eterna” (Jo 6, 68).
“Depois do vento, do terramoto e do fogo, a VOZ de um fino silêncio. Ao ouvir cobriu o rosto com o manto, saiu e ficou de pé à boca da gruta” (cf. 1 Rs 19, 11-13).

“ FALAI, SENHOR, QUE O VOSSO SERVO ESCUTA!”
(1 Sm 3, 9)
.

Plantado no meu coração, hoje, pelo Espírito Santo, durante a Adoração ao Santíssimo Sacramento, de que acabo de chegar, em Santa Vitória do Ameixial.
Salmo 61 (62), 2-13
Só em Deus descansa a minha alma,
d’Ele me vem a salvação.
Ele é meu refúgio e salvação,
minha fortaleza: jamais serei abalado.
Até quando investireis, vós todos,
contra um homem para o eliminar,
como se fora um muro em ruínas,
parede a desmoronar-se?
Pretendem derrubá-lo da sua altura,
comprazem-se na mentira;
abençoam com a boca,
mas amaldiçoam em seu coração.
Tu, porém, minha alma, só em Deus descansa;
d’Ele vem a minha esperança.
Ele é meu refúgio e salvação,
minha fortaleza: jamais serei abalado.
Em Deus está a minha salvação e a minha glória,
o meu abrigo seguro, o meu refúgio está em Deus.
Povo de Deus,
em todo o tempo ponde n’Ele a vossa confiança,
desafogai em sua presença os vossos corações:
Deus é o nosso refúgio.
Os homens não passam dum sopro
e de uma mentira os filhos dos homens:
todos juntos na balança, são mais leves que o fumo.
Não confieis na violência nem vos fieis no roubo;
se crescer a riqueza, não lhe entregueis o coração.
Uma vez falou Deus e duas ouvi:
a Deus pertence o poder.
A Vós, Senhor, pertence a bondade,
Vós dais a cada um segundo as suas obras.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
como era no princípio, agora e sempre. Ámen.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

SOLENIDADE DA EPÍFANIA DO SENHOR
Hoje celebramos a solenidade da Epífania, a "Manifestação" do Senhor. O Evangelho narra como Jesus veio ao mundo em grande humildade e escondimento. Contudo, São Mateus refere o episódio dos Magos, que vieram do Oriente, guiados por uma estrela, para homenagear o recém-nascido rei dos Judeus. Cada vez que escutamos esta narração, permanecemos admirados pelo evidente contraste entre a atitude dos Magos, por um lado, e a de Herodes e dos Judeus, por outro. Com efeito, o Evangelho diz que ao ouvir as palavras dos Magos, "o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele" (Mt 2, 3). Uma reacção que pode ter diferentes interpretações: Herodes alarmou-se porque viu naquele que os Magos procuravam um concorrente para si mesmo e para os seus filhos. Os chefes e os habitantes de Jerusalém, ao contrário, ficaram admirados, como se despertassem de um certo torpor e precisassem de reflectir. Na verdade, Isaías tinha preanunciado: "Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado; tem a soberania sobre os seus ombros, e este é o seu nome: Conselheiro Admirável, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz" (Is 9, 5).
Então, por que se perturba Jerusalém? Talvez o Evangelista queira antecipar aquela que depois será a posição dos sumos sacerdotes e do sinédrio, mas também de uma parte do povo em relação a Jesus durante a sua vida pública. Certamente, sobressai o facto de que o conhecimento das Escrituras e das profecias messiânicas não leva todos a abrir-se a Ele e à sua palavra. Vem à mente que, na iminência da paixão, Jesus chorou sobre Jerusalém, porque não tinha reconhecido o tempo em que fora visitada (cf. Lc 19, 44). Aqui, deparamo-nos num dos pontos cruciais da teologia da história: o drama do amor fiel de Deus na pessoa de Jesus que "veio ao que era seu e os seus não o receberam" (Jo 1, 11). À luz de toda a Bíblia, esta atitude de hostilidade, ambiguidade ou superficialidade está a representar a de cada homem e a do "mundo" no sentido espiritual quando se fecha ao mistério do verdadeiro Deus, o qual vem ao nosso encontro com a desarmante mansidão do amor. Jesus, o "rei dos judeus" (cf. Jo 18, 37), é o Deus da misericórdia e da fidelidade; Ele quer reinar no amor e na verdade e pede-nos para que nos convertamos, abandonemos as más acções e percorramos decididamente o caminho do bem.
Portanto, neste sentido, "Jerusalém" somos todos nós! A Virgem Maria, que com fé recebeu Jesus, nos ajude a não fecharmos o nosso coração ao seu Evangelho de salvação. Ao contrário, deixemo-nos conquistar e transformar-nos por Ele, o "Emanuel", Deus que veio no meio de nós para nos doar a sua paz e o seu amor.
Bento XVI
Angelus, Praça de São Pedro, Terça-feira, 6 de Janeiro de 2009

sábado, 2 de janeiro de 2010

Perdi bastante tempo ao andar atrás das vaidades: perdi toda a minha juventude com ocupações inúteis, quando me lancei totalmente na aprendizagem de doutrinas próprias de uma sabedoria que Deus tinha definido como loucura. Depois, um belo dia, pareceu-me acordar dum sono profundo. Como volvi os olhos para a maravilhosa luz da verdade evangélica, compreendi a inutilidade da sabedoria dos mestres deste mundo, feita de nada.
Então, chorei amargamente a minha vida miserável e fiz uma oração: pedi que se mostrasse um caminho que me desse acesso à vida interior.
São Basílio de Cesareia (Carta 223, 2)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

PALAVRA DE VIDA
Janeiro de 2010
Chiara Lubich
«Ele habitará com eles;
eles serão o seu povo»

(cf. Ap 21, 3)
.

De 18 a 25 de Janeiro, em muitos lugares do mundo, celebra-se a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Noutros, celebra-se no Pentecostes.
Como sabemos, Chiara geralmente fazia o comentário sobre o trecho bíblico que era escolhido para essa ocasião, com a Palavra de Vida desse mês.
Este ano a frase bíblica para a Semana de Oração é: «Vós sois as testemunhas destas coisas» (Lc 24, 48). Para nos ajudar a vivê-la, propomos este texto de Chiara que é um "apelo insistente" para que nós, cristãos, testemunhemos ao mundo a presença de Deus.

«Esta é a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus» (Ap 21, 3).
A Palavra de Deus deste mês interpela-nos: se queremos fazer parte do Seu povo, temos que O deixar viver entre nós. Mas como será possível realizar isto? O que fazer para saborearmos um pouco, já aqui na Terra, daquela alegria sem fim que teremos ao contemplarmos Deus? Foi isto precisamente que Jesus nos revelou. E foi justamente esse o significado da Sua vinda: comunicar-nos a Sua comunhão de amor com o Pai, a fim de que também nós a vivamos.
Nós, cristãos, podemos viver desde já esta frase e ter Deus no meio de nós. Ter Deus no meio de nós requer – como afirmam os Padres da Igreja – determinadas condições. Para S. Basílio, é viver segundo a vontade de Deus; para S. João Crisóstomo, é amar como Jesus amou; para Teodoro Studita é o amor recíproco; e para Orígenes é o acordo de pensamento e de sentimentos para alcançar a concórdia que «une e contém o Filho de Deus» (Comment. In. Matth., XIIl, 15, PG 13, 1131).
Mas é no ensinamento de Jesus que está o segredo para fazer com que Deus habite no meio de nós: «Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei» (cf. Jo 13, 34). O amor recíproco é o segredo da presença de Deus. «Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós» (1 Jo 4, 12), pois: «Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18, 20), disse Jesus.

«Ele habitará com eles;
eles serão o seu povo»
(cf. Ap 21, 3).
Portanto, não é inalcançável nem está assim tão longe o dia em que se vão cumprir todas as promessas da Antiga Aliança: «A minha morada será no meio deles. Serei o seu Deus e eles serão o meu povo» (Ez 37, 27).
Tudo isso já se realiza em Jesus, que, para além da sua existência histórica, continua a estar presente entre aqueles que vivem segundo a nova lei do amor recíproco, ou seja, segundo aquela norma que os constitui como um povo, o povo de Deus.
Esta Palavra de Vida é, pois, um apelo insistente (dirigido sobretudo a nós, cristãos) para testemunharmos, com o amor, a presença de Deus. «Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35). O mandamento novo, vivido assim, estabelece as condições para que se realize a presença de Jesus entre as pessoas.
Não poderemos fazer nada se esta presença não estiver garantida. Presença que dá sentido à fraternidade sobrenatural que Jesus trouxe à Terra para toda a humanidade.

«Ele habitará com eles;
eles serão o seu povo»
(cf. Ap 21, 3).
Mas cabe sobretudo a nós, cristãos – embora pertencendo a várias comunidades eclesiais –, apresentar ao mundo a beleza de um único povo, feito de pessoas de todas as etnias, raças e culturas; de adultos e de crianças; de doentes e de sãos. Um único povo do qual se possa dizer, como se dizia dos primeiros cristãos: «Vede como se amam e estão prontos a dar a vida uns pelos outros».
É este o "milagre" que a humanidade aguarda para poder voltar a ter esperança. É um contributo necessário para o progresso ecuménico, para o caminho até à unidade plena e visível dos cristãos. É um "milagre" que está ao nosso alcance, ou melhor, ao alcance d'Aquele que, habitando entre os seus unidos pelo amor, pode modificar o destino do mundo e conduzir a humanidade inteira para a unidade.
Palavra de Vida, Janeiro de 1999, publicada em Città Nuova 1998, n.º 24, p. 59