sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Ó meus Três,
meu Tudo,
minha Beatitude,
Solidão infinita,
Imensidade em que me perco,
eu me entrego a Vós como uma presa.
Sepultai-Vos em mim
para que eu me sepulte em Vós,
enquanto espero ir con­templar, na Vossa luz,
o abismo das Vossas gran­dezas.
beata Isabel da Santíssima Trindade ocd

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

«Se alguém me tem amor,
há-de guardar a minha palavra;
e o meu Pai o amará,
Nós viremos a ele
e nele faremos
a nossa morada»
(Jo 14, 23).
«Pode-se conceber a vida interior propriamente dita como uma verdadeira interpenetração, cada dia mais perfeita e mais consciente, da alma por Deus e de Deus pela alma. Deus, no mais íntimo da alma; a alma, no mais íntimo de Deus. Deus e a alma amando-se profunda e mutuamente, dizendo-o e provando-o sem cessar de mil maneiras. Deus e a alma sem abandonar-se, nunca, e interessando-se sempre um pelo outro. Deus e a alma possuindo-se plenamente, gostando-se mutuamente de maneira inefável, de modo que a alma se converte no paraíso de Deus, e Deus converte-se, dentro deste mundo, no paraíso da alma; e tudo isto, uma vez mas, aumentando cada dia sem medida. Assim poderíamos definir a verda­deira vida interior: "Se conhecesses o dom de Deus..."»
JEAN RÉMY, “Isabel de la Trinidad y la oración”, Sal Terrae, Santander, 2005, pg. 169

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Jesus, por nosso Amor, estais aqui.
Estai aqui connosco...

Os Vossos pés estão aqui,
os pés que percorreram os caminhos da Galileia
para ir ao encontro dos Homens,
estão aqui…
As Vossas mãos estão aqui,
as mãos que tocaram, acariciaram, abençoaram
e apontaram o caminho da Vida a tantos Homens,
estão aqui...
A Vossa voz está aqui,
a voz serena e firme que ecoou aos ouvidos
e tocou o coração de tantos Homens
restituindo-lhe a alegria, a paz, a esperança,
está aqui...
O Vosso Coração está aqui,
o Coração que se compadeceu
e amou sem limites
está aqui…
O Vosso Sangue está aqui,
o Sangue purificador derramado generosamente
sobre as feridas provocadas pelo pecado,
está aqui...
Jesus estais aqui connosco…
Jesus, por nosso Amor,
estais aqui presente,
Todo presente,
no Santíssimo Sacramento do Altar,
Sedento do nosso amor, da nossa atenção, da nossa presença,
disposto a saciar a nossa sede,
a cicatrizar as nossas feridas, a restaurar a nossa esperança,
a derramar sobre cada um de nós,
sobre a Humanidade inteira,
o Vosso Amor sem medida…
Jesus, por nosso Amor, estais aqui.
P. Marcelino José Moreno Caldeira
Vila de Cano,
9 de Outubro de 2008

terça-feira, 1 de setembro de 2009

PALAVRA DE VIDA
Setembro de 2009
Chiara Lubich

«Procurai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo» (Mt 6, 33).
Todo o Evangelho é uma revolução. Não há comparação possível entre as palavras de Cristo e as palavras dos homens. Ouçamos esta: «Procurai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça, e todas estas coisas [as necessidades da vida] vos serão dadas por acréscimo».
A primeira preocupação das pessoas, em geral, é procurar ansiosamente aquilo que é necessário para dar segurança à sua existência. Talvez o mesmo se passe connosco. Pois bem, Jesus põe-nos perante o “Seu” modo de ver e oferece-nos o Seu modo de agir. Pede-nos uma atitude totalmente diferente daquela que é habitual, e que se deve manter não uma vez apenas, mas sempre. É esta: procurar primeiro o reino de Deus.
Quando estivermos orientados para Deus com todo o nosso ser e fizermos de tudo para que Ele reine (isto é, quando governarmos a nossa vida de acordo com as Suas leis) dentro de nós e nos outros, o Pai há-de dar-nos aquilo de que precisamos, dia após dia.
Se, pelo contrário, nos preocuparmos antes de tudo connosco, vamos acabar por tratar principalmente das coisas deste mundo e tornar-nos-emos vítimas delas. Acabaremos por ver nos bens desta Terra o “nosso” verdadeiro problema, a “finalidade” de todos os nossos esforços. E vai nascer dentro de nós a grave tentação de contar unicamente com as nossas forças e de viver como se Deus não existisse.
«Procurai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo» (Mt 6, 33).
Jesus transforma completamente a situação. Se a nossa primeira preocupação for Ele, viver para Ele, então o resto vai deixar de constituir o problema principal da nossa existência. Será um “acréscimo”, ou um “acrescento”.
Será uma utopia viver assim? Será uma Palavra irrealizável, para nós, pessoas modernas, hoje, num mundo industrializado onde vigora a concorrência e se passa, muitas vezes, por crises económicas? Só quero lembrar que as dificuldades concretas de subsistência não eram muito menores para a gente da Galileia, quando Jesus pronunciou estas palavras.
Não se trata de saber se é utopia ou não. Jesus põe-nos perante a questão fundamental da nossa vida: ou vivemos para nós próprios, ou vivemos para Deus. Mas tentemos agora compreender bem esta Palavra: «Procurai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo».
Jesus não nos leva ao imobilismo, à passividade para com as coisas terrenas, a uma conduta irresponsável ou superficial no trabalho.
Jesus quer substituir a “preocupação” pela “ocupação”, livrando-nos da ansiedade, do medo e da inquietação.
Na verdade, Ele diz: «Procurai “primeiro” o reino...».
O sentido de “primeiro” é “acima de todas as coisas”. A procura do reino de Deus é colocada no primeiro lugar e não exclui que o cristão deva também ocupar-se das necessidades da sua vida.
«Procurar o reino de Deus e a Sua justiça» significa, também, ter uma conduta conforme às exigências de Deus, que Jesus manifestou no Seu Evangelho.
Só se procurar o reino de Deus é que o cristão pode experimentar o maravilhoso poder de Deus em seu favor.
Vou-vos contar um episódio.
Passou-se já há bastante tempo, mas tem uma actualidade impressionante. De facto, conheço muitos jovens e crianças que ainda agora fazem como fazia aquela rapariga.
Chamava-se Elvira. Frequentava uma escola do magistério primário. Era pobre. Só poderia continuar os estudos se tivesse uma média alta. Ela tinha uma fé forte. O seu professor de Filosofia era ateu, de modo que, bastantes vezes, apresentava as verdades sobre Cristo e sobre a Igreja de uma maneira desfocada, quando não era mesmo deformada. O coração da rapariga fervia. Não por si, mas pelo amor a Deus, à verdade e às suas colegas. Apesar de saber bem que, contrariando o professor, poderia ter uma nota baixa, aquilo que ela sentia era mais forte do que ela. Em todas as ocasiões levantava a mão, pedindo a palavra: «Não é verdade, professor». Talvez não tivesse, algumas vezes, todos os argumentos para se opor às ideias do professor, mas naquele «não é verdade» estava a sua fé, que é uma oferta da verdade e faz pensar.
As colegas, que gostavam dela, procuravam dissuadi-la das suas intervenções para que não fosse depois prejudicada. Mas não conseguiam.
Passaram-se alguns meses. Chegou o momento de se afixarem as notas. A rapariga olhou a tremer. Depois, uma onda de alegria: obtivera a nota máxima!
Tinha procurado, acima de tudo, que Deus e a Sua Verdade reinassem, e o resto tinha vindo por acréscimo.
«Procurai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo» (Mt 6, 33).
Se cada um de nós procurar o reino do Pai, poderá experimentar que Deus é Providência em todas as exigências da nossa vida. Descobriremos como são normais todas as coisas extraordinárias do Evangelho.
Palavra de Vida, Maio de 1979, publicada em Essere la Tua Parola. Chiara Lubich e cristiani di tutto il mondo, vol. II, Città Nuova, Roma 1982. pp. 11-13.