quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Desejo-vos:
«Santo e Feliz Natal»
e imploro para todos, junto do Presépio,
«bênçãos abundantes e generosas
do Verbo feito carne
que habita entre nós».
São Francisco de Assis
e o Presépio

A suprema aspiração de Francisco, o seu mais vivo desejo e mais elevado propósito era observar em tudo e sempre o Santo Evangelho e seguir a doutrina e os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo com suma aplicação da mente e fervor do coração. Reevocava as suas divinas palavras em meditação assídua e jamais deixava de ter presentes, em aprofundada contemplação, os passos da sua vida. Tinha tão vivas na memória a humildade da Incarnação e a caridade da Paixão, que lhe era difícil pensar noutra coisa.
Mui digno de piedosa e perene memória foi o que ele fez três anos antes da sua gloriosa morte, perto de Greccio, no dia da Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Vivia nessa comarca um homem, de nome João, de boa fama e melhor teor de vida, a quem o bem-aventurado Pai queria com singular afeição, pois sendo ele de nobre e honrada linhagem, desprezava a prosápia do sangue e aspirava unicamente à nobreza do espírito. Uns quinze dias antes do Natal, Francisco mandou-o chamar, como aliás amiúde fazia, e disse-lhe: «Se queres que celebremos em Greccio o próximo Natal do Senhor, vai imediatamente e começa já a prepará-lo como vou dizer. É meu desejo celebrar a memória do Menino que nasceu em Belém de modo a poder contemplar com os meus próprios olhos o desconforto que então padeceu e o modo como foi reclinado no feno da manjedoura, entre o boi e o jumento». Ao ouvir isto o fiel e bondoso amigo, dali partiu apressadamente a fim de preparar no lugar designado tudo o que o Santo acabava de pedir.
E o dia chegou, festivo, jubiloso. Foram convocados irmãos dos vários conventos em redor. Homens e mulheres da região, coração em festa, prepararam, como puderam, círios e archotes para iluminarem aquela noite que viu aparecer no céu, rutilante, a Estrela que havia de iluminar todas as noites e todos os tempos. Por fim, chega Francisco. Vê que tudo está a postos e fica radiante. Lá estava a manjedoura com o feno e, junto dela, o boi e o jumento. Ali receberia honras a simplicidade, ali seria a vitória da pobreza, ali se aprenderia a lição melhor da humildade. Greccio seria a nova Belém.
A noite resplandecia como o dia, noite de encanto para homens e animais. Vem chegando gente. A renovação do mistério dá a todos motivos novos para rejubilarem. Erguem-se vozes na floresta e as rochas alcantiladas repercutem os hinos festivos. Os irmãos entoam os louvores do Senhor, e entre cânticos de júbilo fremente decorre toda a noite. O santo de Deus está de pé diante do presépio, desfeito em suspiros, trespassado de piedade, submerso em gozo inefável. Por fim, é celebrado o rito solene da Eucaristia sobre a manjedoura, e o sacerdote que a celebra sente uma consolação jamais experimentada.
Francisco reveste-se com os paramentos diaconais, pois era diácono e, com voz sonora, canta o santo Evangelho. A sua voz potente e doce, límpida e bem timbrada, convida os presentes às mais altas alegrias. Pregando ao povo, tem palavras doces como o mel para evocar o nascimento do Rei pobre e a pequena cidade de Belém.
Por vezes, ao mencionar a Jesus Cristo, abrasado de amor, chama-lhe o «menino de Belém», e, ao dizer «Belém», era como se imitasse o balir duma ovelha e deixasse extravasar da boca toda a maviosidade da voz e toda a ternura do coração. Quando lhe chamava «menino de Belém» ou «Jesus», passava a língua pelos lábios, como para saborear e reter a doçura de tão abençoados nomes.
Entre as graças prodigalizadas pelo Senhor nesse lugar, conta-se a visão admirável com que foi favorecido certo homem de grande virtude. Pareceu-lhe ver, reclinado no presépio, um menino sem vida. Mas tanto que dele se abeirou o Santo, logo despertou, suavemente arrancado ao sono profundo. De resto, não deixava esta visão de ter um sentido real, já que, pelos méritos do Santo, o Menino Jesus ressuscitou no coração de muitos que o tinham esquecido e a sua imagem ficou indelevelmente impressa em suas memórias.
Terminada a solene vigília, todos voltaram para suas casas cheios de inefável alegria.

Tomás de Celano - Vida Primeira (1 C 84-86) - texto da época

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

«Desalojaram Jesus»
Aproxima-se o Natal e as ruas da cidade cobrem-se de luzes.
Uma fila interminável de lojas, uma riqueza fina, mas excessiva. À esquerda do nosso carro, uma série de montras chamam a nossa atenção. Do outro lado do vidro, a neve cai graciosamente: ilusão de óptica. Além disso, meninos e meninas em trenós puxados por renas e animaizinhos “criados” por Walt Disney. E mais trenós, o Pai Natal, veadinhos, porquinhos, lebres, rãs, fantoches e anões vermelhos. Tudo se mexe com elegância. Ah! Ali estão os anjinhos… Não! São fadazinhas, inventadas recentemente para enfeitar a paisagem branca.
Acompanhado pelos pais, um menino põe-se em bicos de pés e observa, fascinado.
Mas, no meu coração, a incredulidade e, depois, quase a rebelião: este mundo rico “apoderou-se” do Natal e de tudo o que o rodeia, e “desalojou” Jesus! Aprecia, do Natal, a poesia, o ambiente, a amizade que suscita, os presentes que sugere, as luzes, as estrelas, os cânticos. Aposta no Natal tendo em mira o maior lucro do ano… Mas não pensa em Jesus.
«Veio ao que era Seus e os Seus não O receberam…». «Não havia lugar para Ele na hospedaria…», nem sequer no Natal.
Esta noite não dormi. Este pensamento manteve-me acordada. Se voltasse a nascer faria muitas coisas. (…) Imprimiria os mais lindos cartões de boas-festas do mundo. Produziria estátuas e estatuetas com a arte mais requintada. Gravaria poesias, canções passadas e presentes, ilustraria livros para crianças e adultos sobre este “mistério de amor”, escreveria argumentos para representações ou filmes. (…)
Hoje, agradeço à Igreja que salvou as imagens.
Quando, há alguns anos, estive num país onde dominava o ateísmo, um sacerdote esculpia estátuas de anjos para recordar às pessoas o Céu. Hoje entendo-o melhor. Exige-o o ateísmo prático que invade agora o mundo, por toda a parte. Não há dúvida de que este apoderar-se do Natal e chegar até a expulsar o Recém-Nascido, é uma coisa que angustia.
Que ao menos em todas as nossas casas se grite Quem nasceu, preparando-Lhe uma festa sem igual.
Chiara Lubich

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Mensagem de Natal
do Arcebispo de Évora
“Natal da Moderação,
da Justiça e da Piedade”

Não há outra quadra festiva que exerça tanto fascínio na mente das crianças, dos jovens e dos adultos de todas as idades como o Natal. Mas nem sempre pelas melhores razões.
É que à volta do Natal entrecruzam-se múltiplas motivações de carácter económico e comercial, cultural e artístico, religioso e social. Por isso, ele começa a ser anunciado e preparado com tanta antecedência pelos meios de comunicação social, que incentivam, persistentemente, ao consumismo, com recurso às mais sofisticadas técnicas publicitárias, criadas para adormecer as consciências e mover as vontades na direcção desejada.
A sede do consumismo chega a ser avassaladora. E, quando está aliada com ideologias agnósticas e laicas, os seus efeitos tornam-se deletérios em relação ao Natal que, sendo uma festa cristã, corre o risco de se paganizar, deslizando apenas para uma festa de família ou para a época das compras e dos presentes.
Os cristãos precisam de estar atentos a estas mentalidades, que se vão arraigando no espírito das novas gerações. Sirva de exemplo o caso daquele pai que, depois de se ter esforçado por fazer compreender aos seus filhos, ainda crianças e adolescentes, o sentido cristão do Natal, ouviu da boca de uma das suas filhas: sim, meu pai, mas o melhor do Natal são os presentes.
A mentalidade consumista baseia-se no princípio da abundância material, promove o egoísmo e gera desinteresse pelos mais carenciados da sociedade, em oposição ao sentido genuíno do Natal.
Pois, o nascimento de Jesus fala-nos de ternura, de partilha, de amor, de humildade e de salvação da humanidade decaída no pecado. Como podemos ler na carta de S. Paulo a Tito, seu estimado discípulo, com o nascimento de Jesus em Belém, manifestou-se a graça de Deus, que nos ensina a viver com moderação, justiça e piedade, no mundo actual (2,11).
A graça de Deus manifestou-se como Palavra encarnada em Jesus Cristo. Adquiriu um rosto. Pode ser escutada por ouvidos humanos e pode ser tocada por mãos suplicantes.
Manifestou-se como luz intensa que rasga as trevas do pecado e do mal para iluminar os caminhos da humanidade, pondo a descoberto os erros e os perigos que espreitam na berma da estrada. A Palavra de intensa luz, que encarnou no seio de Maria e se manifestou em Belém, ensina-nos a viver com moderação, com justiça e com piedade.
É por isso que, da humildade do presépio onde nasceu, Jesus continua a fazer-nos um veemente apelo à moderação no modo de pensar e de viver, combatendo os excessos desregrados, para que, nesta época de crise económica, os mais carenciados também possam ter, na mesa da abundância, o lugar a que têm direito, no âmbito da saúde, da habitação, da educação, do trabalho e das condições mínimas para um estilo de vida saudável.
Numa sociedade em que são frequentes os atropelos à justiça, pela distorção das leis e pelo retardamento culposo da sua correcta aplicação, a mensagem que brota do presépio continua a dirigir-se aos homens de boa vontade, para que unam o seu saber e os seus esforços, no restabelecimento da paz e da justiça, empenhando-se na erradicação da pobreza, na promoção da ecologia, no combate à fraude e à exploração vergonhosa dos pobres e dos inocentes. Quando a hipocrisia domina muitas das relações institucionais e o isolamento e a solidão afectam uma parte considerável da nossa população, é urgente que aprendamos com Jesus Cristo a reinventar um novo estilo de relação interpessoal.
Ele, que sempre estabeleceu relações autênticas de amor, de beleza e de bondade com o Pai e com todos quantos a Ele recorriam, convida-nos a viver a piedade, no seu sentido mais genuíno, tanto em relação a Deus como em relação aos nossos semelhantes, substituindo o ritualismo e a hipocrisia pela autenticidade, de forma que as palavras encontrem eco nas atitudes e estas sejam reforçadas pelos actos praticados.
Sentindo-me unido a todos os diocesanos, particularmente aos que sofrem ou se encontram em provação, desejo que todos saibam escutar a mensagem libertadora que brota do presépio e por ela a prendam a viver com moderação, justiça e piedade.
Natal de 2008
+José, Arcebispo de Évora

domingo, 14 de dezembro de 2008

III Domingo do ADVENTO
“…o Senhor … me enviou a anunciar a boa nova …,
a curar os corações atribulados,
a proclamar a redenção … e a liberdade …,

a promulgar o ano da graça do Senhor.
Exulto de ALEGRIA no Senhor…”
Livro de Isaías

“Vivei sempre ALEGRES, orai sem cessar,
dai graças em todas as circunstâncias …
avaliai tudo, conservando o que for bom.
Afastai-vos de toda a espécie de mal”.
1ª Carta de São Paulo aos Tessalonicenses
“…veio para dar TESTEMUNHO da luz”.

Evangelho de São João

domingo, 7 de dezembro de 2008

II Domingo do ADVENTO
“Eis o vosso Deus.
O SENHOR Deus VEM…”.
Livro de Isaías
“O Senhor não tardará
em cumprir a sua PROMESSA
deve ser santa a vossa vida
e grande a vossa piedade,
esperando a vinda do dia de Deus”.
2ª Carta de São Pedro
PREPARAI o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas”.
Evangelho de São Marcos

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Palavra de Vida
Dezembro de 2008
Chiara Lubich
«Não se faça a minha vontade,
mas a Tua»
(Lc 22, 42).[1]
Lembram-se? Foram as palavras que Jesus dirigiu ao Pai no Jardim das Oliveiras e que dão sentido à Sua Paixão, seguida da Ressurreição. Esta frase exprime com toda a intensidade o drama que se passou no íntimo de Jesus. Revela a ferida interior provocada pela repugnância profunda da Sua natureza humana diante da morte determinada pelo Pai. Mas Cristo não ficou à espera daquele dia para aderir com a Sua vontade à vontade de Deus. Ele fez isso durante toda a vida. Se foi esta a conduta de Cristo, então deve ser esta a atitude de todos os cristãos. Cada um de nós deve repetir na sua vida:
«Não se faça a minha vontade, mas a Tua»
(Lc 22, 42).
É muito possível que não tenhamos pensado nisso, mesmo sendo baptizados, e filhos da Igreja. Muitas vezes reduzimos esta frase a uma expressão de resignação, que se pronuncia quando não se pode fazer mais nada. Mas não é esta a sua verdadeira interpretação.
Atenção! Na vida, podemos escolher duas direcções: fazer a nossa vontade, ou optar livremente por fazer a vontade de Deus.
E teremos então duas possibilidades: a primeira, que depressa se tomará decepcionante, é como escalar a montanha da vida só
com as nossas ideias limitadas, com os poucos meios que temos, com os nossos pobres sonhos, contando só com as nossas forças. A partir daí, mais tarde ou mais cedo, vai chegar a experiência da rotina de uma existência cheia de tédio, de mediocridade, de pessimismo e, às vezes, até de desespero. Uma vida monótona, apesar do nosso esforço por tomá-la interessante, que nunca chegará a satisfazer o nosso íntimo mais profundo. Temos que o admitir. Não o podemos negar. E, no fim de tudo, virá uma morte banal, que não deixará rasto: apenas algumas lágrimas e tudo cai num esquecimento inexorável, total e universal. A segunda possibilidade é quando também nós repetimos com Jesus:
«Não se faça a minha vontade, mas a Tua»
(Lc 22, 42).
Se virmos bem, Deus é como um sol. Deste sol partem muitos raios que se projectam sobre cada pessoa. Representam a vontade de Deus sobre cada uma delas. Durante a sua vida, os cristãos, e também as pessoas de boa vontade, são chamados a caminhar em direcção ao sol, seguindo a luz do raio de sol que lhe é próprio, diferente e distinto de todos os outros. E poderão realizar o projecto maravilhoso, pessoal, que Deus tem para cada um.
Se assim fizermos, vamo-nos sentir envolvidos numa divina aventura, nunca antes imaginada. Seremos, ao mesmo tempo, actores e espectadores de um qualquer coisa de grandioso que Deus realiza em nós e, através de nós, na humanidade. Tudo aquilo que vier a acontecer-nos, como os sofrimentos e alegrias, graças e desgraças, factos importantes (tais como sucessos ou momentos de sorte, acidentes ou a morte de entes queridos), factos insignificantes (como o trabalho do dia-a-dia em casa, no escritório ou na escola), tudo, tudo vai adquirir um significado novo, porque nos é oferecido pela mão de Deus que é Amor. Tudo o que Ele quer, ou permite, é para o nosso bem. E, se no princípio acreditamos nisso apenas com a fé, veremos depois, com os olhos da alma, que existe um fio de ouro a ligar acontecimentos e coisas, a compor um magnífico bordado: é o projecto de Deus para cada um de nós.
Pode ser que esta perspectiva te atraia também e queiras sinceramente dar um sentido mais profunda à tua vida. Então ouve. Vou dizer, antes de mais,
quando se deve fazer a vontade de Deus. Se pensarmos bem: o passado já não existe e não podemos voltar a tê-lo. Só nos resta coloca-lo na misericórdia de Deus. O futuro ainda não chegou. Havemos de o viver quando se tornar actual. Nas nossas mãos só temos o momento presente. É nele que devemos viver a Palavra:
«Não se faça a minha vontade, mas a Tua»
(Lc 22, 42).
Quando se quer fazer uma viagem - e a vida é também uma viagem -, sentamo-nos sossegados no nosso lugar. Não nos passa pela cabeça pôr-nos a andar para trás e para diante na carruagem do comboio. Era o que fariam aqueles que querem viver a vida a sonhar com um futuro que ainda não existe, ou a pensar no passado que nunca mais vai voltar.
Não, o tempo caminha por si. É preciso concentrarmo-nos
no presente para chegarmos à plena realização da nossa vida aqui na Terra.
Podem perguntar-me: mas
como é que posso distinguir a vontade de Deus da minha? No momento presente não é difícil saber qual á a vontade de Deus. Vou-te indicar um caminho. Ouve bem, dentro de ti, uma voz delicada, que muitas vezes sufocamos, e que se torna quase imperceptível. Mas, se a ouvirmos bem: é a voz de Deus[2]. Ela diz-nos que aquele é o momenta de ir estudar, ou de ajudar quem tem necessidade, ou de trabalhar, ou de vencer uma tentação, ou de cumprir um dever de cristão ou de cidadão. Convida-nos a dar atenção a alguém que nos fala em nome de Deus, ou a enfrentar com coragem situações difíceis... Temos que a ouvir. Não façamos calar essa voz: é o tesouro mais precioso que possuímos. Sigamo-la! E, então, momenta a momento, construiremos a nossa história pessoal. É uma história humana e, ao mesmo tempo, divina, porque feita por cada um de nós em colaboração com Deus. Veremos maravilhas. Veremos o que Deus pode fazer numa pessoa que diz, com toda a sua vida:
«Não se faça a minha vontade, mas a Tua»
(Lc 22, 42).
[1] Palavra de Vida, Agosto de 1978, Publicada em Essere la tua Parola, Chiara Lubich e cristiani di tutto il mondo, Roma, 1980, pp. 81-84.
[2] Cf. Jo 18, 37; cf. Ap 3, 20.

domingo, 30 de novembro de 2008


I Domingo do ADVENTO

VÓS SAÍS AO ENCONTRO
dos que praticam a justiça
e recordam os vossos caminhos”.
Livro de Isaías
“… a vós que ESPERAIS a manifestação
de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
1ª Carta de São Paulo aos Coríntios
“O que vos digo a vós, digo-o a todos:
VIGIAI!”

Evangelho de São Marcos

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Silêncio dos contemplativos

Optaram radicalmente pelo silêncio e vivem plenamente felizes. Abandonaram tudo por uma coisa maior e mais atractiva do que aquilo que já tinham.O dia de hoje (21 de Novembro) é dedicado pela Igreja aos mosteiros de clausura. No frenesim em que andamos, a vida contemplativa é uma espécie de oxigénio: centra-nos no essencial.
A este propósito posso contar a história verdadeira de duas amigas minhas, ambas com carreiras profissionais brilhantes, que deixaram tudo, abandonaram o mundo em que viviam e foram para freiras de clausura rigorosa.Uma delas é francesa e a outra é portuguesa. A francesa era jornalista de sucesso numa rádio de Paris e, habituada a viajar pelo mundo. Apesar de uma vida preenchida, deixou tudo e vive hoje no meio dos Alpes, como eremita num mosteiro de rigoroso silêncio, inspirado na experiência da Cartuxa. A outra amiga portuguesa, com uma vida social intensa e uma carreira promissora no campo das relações internacionais, foi para carmelita há mais de dez anos e vive para sempre atrás das grades da clausura. Ambas optaram radicalmente pelo silêncio e vivem plenamente felizes. Abandonaram tudo por uma coisa maior e mais atractiva do que aquilo que já tinham.
Algo – garantem elas e muitos outros contemplativos espalhados pelo mundo - que só é possível alcançar no meio do silêncio.
Que bom que é para todos nós a vida dos contemplativos!
Aura Miguel
(Fonte: cf. Aura MiguelRR on-line, 20081121)

sábado, 22 de novembro de 2008

Domingo de Cristo, Rei do Universo (solenidade) - ano A
“… para que Deus seja tudo em todos”.
1ª Carta de São Paulo aos Coríntios

domingo, 16 de novembro de 2008

XXXIII Domingo do Tempo Comum - ano A
“… irmãos, não andeis nas trevas,
de modo que esse dia vos surpreenda…

não durmamos como os outros,

mas permaneçamos vigilantes e sóbrios”.

1ª Carta aos Tessalonicenses

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

SEMANA DOS SEMINÁRIOS

O Seminário é tempo de caminho
«Caros amigos, é este o mistério da chamada, da vocação; mistério que abrange a vida de cada cristão, mas que se manifesta com maior evidência naqueles que Cristo convida a deixar tudo para segui-Lo mais de perto. O seminarista vive a beleza da chamada no momento que podemos definir como "enamorar-se". O seu ânimo está cheio de admiração que lhe faz dizer na oração: Senhor, por que exactamente eu? Mas o amor não tem um "por quê", é dom gratuito, ao qual se responde com o dom de si.
O seminário é tempo destinado à formação e ao discernimento. A formação, como bem sabeis, tem muitas dimensões, que convergem para a unidade da pessoa: ela compreende os âmbitos humano, espiritual e cultural. O seu objectivo mais profundo é fazer conhecer intimamente aquele Deus que em Jesus Cristo nos mostrou o seu rosto. Para isso, é necessário um profundo estudo da Sagrada Escritura como também da fé e da vida da Igreja, na qual a Escritura permanece como palavra viva.
O seminário é tempo de caminho, de busca, mas sobretudo de descoberta de Cristo. De facto, somente na medida em que faz uma experiência pessoal de Cristo, o jovem pode compreender verdadeiramente a sua vontade e em consequência a própria vocação. Quanto mais conheceis Jesus tanto mais o seu mistério vos atrai; quanto mais O encontrais tanto mais estais impulsionados a procurá-Lo. É um movimento do espírito que dura toda a vida, e que encontra no seminário uma estação repleta de promessas, a sua "primavera".»
Bento XVI aos seminaristas, Colónia, 19 de Agosto de 2005

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

SEMANA DOS SEMINÁRIOS
A “minha” Vocação…
um Olhar de Amor

Falar de vocação, do chamamento que Deus me fez e me faz continuamente para O seguir com radicalidade, é difícil, é como querer reter a água dos oceanos entre as minhas mãos, é impossível. No entanto, mesmo se é impossível reter entre as mãos toda a água dos oceanos, não é que fiquemos com as mãos molhadas. Assim, pelo menos uma pequeníssima parte, da imensidão desse Mistério que é o “chamamento” que Deus faz ecoar na intimidade do meu coração, posso reter e partilhar.
Sempre que falo ou penso na “minha” vocação, de imediato ao meu pensamento assomam uma frase da 1ª Carta de São João e um excerto do Cântico Espiritual de São João da Cruz. De São João: “Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele” (1Jo 4, 16) de São João da Cruz: “Aonde Te escondestes, Amado, e me deixastes num gemido? Qual veado fugistes, havendo-me ferido” (CA-1).
De facto, desde o início, ainda que disso não tivesse consciência – hoje é claro, "Deus Olha-me com um olhar particularmente amoroso" e faz brotar em mim uma felicidade e uma paz que o coração parece não poder conter.
O primeiro “Olhar Amoroso” de que tenho memória aconteceu em finais de Janeiro, do longínquo ano de 1975, tinha eu 6 anos. Num dos últimos dias da novena de Senhora das Candeias, a padroeira da minha terra, Mourão, recordo-me que, confortavelmente envolvido no meu primeiro capote alentejano, dormitei a novena toda, ora encostado à minha mãe, ora à minha tia materna. Entre um olho aberto e outro fechado fui vendo o meu prior de joelhos na escadaria do altar-mor incensando o Santíssimo Sacramento, recordo o barulho das corrente do turíbulo, o cheiro do incenso, bem como o coro a cantar a Ladainha de Nossa Senhora. Encantai-me. Melhor enamorei-me. Que paz, que tranquilidade… que Paraíso. De tal forma me marcou este quadro que, na minha inocência infantil, à saída da novena, no alto da escadaria do Santuário, situado no castelo e, que tem a Vila de Mourão a seus pés, disse num rompante à minha mãe: “Quando o Padre Inácio morrer, vou enterrá-lo e fico o padre da Senhora das Candeias”. Todos se riram deste inocente e pueril desejo sem consequências... pensavam. Eu estava convicto do que dizia… estava encantado, completamente apaixonado pelo que tinha acabado de viver… queria passar a minha vida a fazer “aquelas coisas”, as coisas de Deus.
Passam os anos e como era muito preguiçoso na escola, minha mãe, que tinha um primo cónego da Sé de Évora, sempre ouvira dizer ao primo que no Seminário obrigavam os rapazes a estudar. Bom remédio, pensou, juntava-se o útil ao agradável. Em tempos eu tinha dito que queria ser padre, no Seminário haveriam de fazer de mim um rapaz estudioso. E lá vai ele, com 12 anos, para o Seminário Menor de São José de Vila Viçosa.
Estudo, oração, tropelias… o normal na vida de Seminário. Com 16 anos passo para o Seminário Maior de Nossa Senhora da Purificação de Évora… aos 18 anos faço uma experiência de vida religiosa entre os Dominicanos. Fiz o noviciado no Convento de Fátima, não chego a professar… as saudades do Alentejo são muitas e regresso... ou serão os caminhos de Deus?!?!
Por alturas da saída do Convento, alguém, de chofre, me pergunta porque quero ser padre. A pergunta calou fundo no meu coração e eu não tinha resposta. Padre porquê? O ambiente do seminário era agradável, sentia-me feliz no seminário, não me via a fazer outra coisa, a minha família estava feliz com a ideia de que eu fosse padre, mas seria isto suficiente? Padre porquê, Marcelino? Ao fim de alguns meses a resposta brotou luminosa e radiante, como um vulcão… "Deus ama-te, tem sobre ti um Olhar de Amor". Imediatamente procurei a pessoa, que meses antes me tinha perguntado, padre porquê (?) e lhe respondo: porque Deus me ama. Resposta da dita pessoa: “grande coisa, essa é a experiência fundamental do cristão, não precisas de ser padre por isso”. Mas desta vez eu estava preparado. Padre para ter inteira disponibilidade de vida, de afectos, de tudo... Padre para dizer a todos, mesmo a todos, que Deus os ama e os quer felizes vivendo no Amor.
Eu tinha que responder a “Esse Olhar que é Amor” e a melhor forma de o fazer era dar-Lhe tudo, dar-me todo a Ele, no sacerdócio. Para ser ponte, para falar aos Homens de Deus e a Deus dos Homens. Para ser sinal do Amor de Deus no meio do Seu Povo. Padre para ser as mãos, os pés, os braços, a boca, o coração de que Deus se serve para Amar, para servir, para afagar, para conduzir, para anunciar, para louvar, para unir o Povo de Deus, para restaurar a Esperança do Seu Povo...
Ao longo da minha vida foram e são tantos os sinais deste Deus que não retira de sobre mim o “Seu Olhar de Amor”.
Intensificou esse “Olhar” quando - no dia a seguir ao funeral de minha mãe, (11 de Julho de 2002) que havia partido inesperadamente para o Paraíso no dia em que eu cumpria 7 anos de sacerdote (9 de Julho de 2002) - me mimou e reconfortou fazendo que na estrada, regressando ao Seminário de Vila Viçosa, onde na época trabalhava, me ultrapassa uma carrinha toda suja e no vidro traseiro alguém havia escrito com o dedo, no meio da poeira e sujidade: “Deus é Amor”. Foi a Boa Nova, que mais uma vez me foi recordada, exactamente quando entrava na terra da Senhora da Boa Nova, Terena.
Intensificou esse Olhar quando no fim de um Curso de Cristandade, onde participei como membro da equipa sacerdotal, me entregam uma fita com uma frase para prender ao peito. A frase: “Deus é Amor”. Naquele preciso momento necessitava que alguém me o lembrasse.
Deus vem ao meu encontro na delicadeza e simplicidade de uma fita para me dizer: “Amo-te”.
Vem ao meu encontro para me recordar o Seu Amor todos os dias, nas pessoas nos acontecimentos…

Vem ao meu encontro para me recordar o Seu Amor nas alegrias, nos sucessos, nas dores, nos desaires, nos desânimos, pois a Cruz amada, abraçada, querida e desejada, é sinal do Amor Maior. Nos meus tempos de Seminário, Chiara Lubich (fundadora do Movimento dos Focolares), a meu pedido, deu-me como nome novo: Marcelino de Jesus Abandonado e como Palavra de Vida a da 1ª Carta aos Coríntios: “Julguei não dever saber outra coisa entre vós a não ser Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Cor 2, 2). Chiara deu-me o Amor Maior, como guia e conforto, que conduz com segurança à Festa da Ressurreição.

Com todas as minhas limitações e debilidades, sou tão feliz neste Caminho de Amor que, a propósito e fora de propósito, falo dele e o proponho aos outros… sonho ver os seminários e os mosteiros cheios. Não por desrespeito pelo matrimónio, ou porque fazem falta padres ou freiras, mas porque quisera eu que tantos, muitos, mesmo muitos, pudessem fazer esta felicíssima e realizadora experiência de ser “feridos” pelo Amor de Deus, não podendo viver de outra forma senão em Deus e para Deus.
É que Deus não tira nada, dá tudo… melhor, dá-Se-nos Todo.
P. Marcelino José Moreno Caldeira
Arquidiocese de Évora

domingo, 9 de novembro de 2008

Semana dos Seminários - 2008
Oração
Deus Santo, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,
Vós criastes o mundo pela Vossa primeira e última Palavra
E pela primeira e última o salvastes;
Lançai no coração dos nossos jovens sementes de amor,
capazes de crescer e de fazer deles
agentes do vosso desígnio de salvação.
Vós chamastes profetas
para dizer palavras de verdade, justiça e caridade
ao povo que, por amor, escolhestes e reunistes.
Colocai as Vossas palavras santas
na boca dos nossos jovens
para que não sejam espectadores passivos
mas actores atentos ao mundo que os rodeia
e, dando-se sem reservas, disponíveis para amar,
encontrem um sentido para a sua vida
e deixem a semente germinar.
Vós enviastes a Sabedoria do santo céu,
do trono da vossa glória, e com a vossa voz
derrubastes os cedros e abalastes o deserto.
Atendei as inquietações dos nossos jovens,
aos seus gritos e sussurros,
e despertai neles um amor pela Igreja,
vosso templo e corpo do Vosso Filho,
para que, sem complexos nem angústias,
tenham coragem e discernimento
para responder com um sim entusiasmado
à ternura do Vosso abraço.
Senhor Jesus Cristo, Filho de Maria, a serva da Palavra,
Vós semeastes a Palavra com abundância
para que frutificasse e pelo sangue que derramastes,
sangue que não tinge mas branqueia,
fostes digno de tomar o Livro escrito por dentro e por fora
e de abrir as suas páginas seladas;
Derramai o Vosso Espírito sobre os nossos seminários
e fazei com que, acolhendo as Vossas palavras de vida eterna,
sejam centelhas de esperança
e sementes de futuro para a Igreja,
no seguimento fiel e generoso da Vossa Vontade.
Vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo. Ámen.
Dedicação da Basílica de São João de Latrão
(XXXII Domingo do Tempo Comum - ano A)
“Veja cada um como constrói:
ninguém pode colocar outro alicerce

além do que está posto,
que é Jesus Cristo".

1ª Carta de São Paulo aos Coríntios

sábado, 1 de novembro de 2008

Todos os Santos
1 de Novembro
«Os Santos, tendo atingido pela multiforme graça de Deus a perfeição e alcançado a salvação eterna, cantam hoje a Deus no Céu, o louvor perfeito e intercedem por nós.
A Igreja proclama o mistério pascal, realizado na paixão e glorificação deles com Cristo, propõe aos fiéis os seus exemplos, que conduzem os homens ao Pai por Cristo; e implora, pelos seus méritos, as bênçãos de Deus.
Segundo a sua tradição, a Igreja venera os Santos e as suas relíquias autênticas, bem como as suas imagens. É que as festas dos Santos proclamam as grandes obras de Cristo nos Seus servos e oferecem aos fiéis os bons exemplos a imitar» (Constituição Litúrgica, n.º 104 e 111).

Nós Vos adoramos, Senhor nosso Deus,
única fonte de santidade,
admirável em todos os Santos,
e confiadamente Vos pedimos a graça
de chegarmos também nós à plenitude do vosso amor
e passarmos desta mesa de peregrinos
ao banquete da pátria celeste.
Por Nosso Senhor.
Palavra de Vida
Novembro de 2008
Chiara Lubich
«Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me»
[Lc 9, 23].
Não pensemos que, por estarmos neste mundo, podemos viver ao seu sabor como um peixe na água. Não pensemos que, pelo facto de o mundo nos entrar em casa através de certos programas de rádio ou da televisão, nos seja permitido ouvir todos os programas e ver todas as transmissões que fazem. Não pensemos que, por andarmos pelas estradas do mundo, podemos olhar impunemente para todos os cartazes e comprar no quiosque ou na livraria, indiscriminadamente, qualquer tipo de publicação. Não pensemos que, por estarmos no meio do mundo, podemos imitar e assumir os modos de viver do mundo: experiências fáceis, imoralidade, aborto, divórcio, ódio, violência, roubo.
Não, não. Nós estamos no mundo. E isso é evidente.
Mas não somos
do mundo (cf. Jo 17, 14).
E isso implica uma grande diferença. Classifica-nos entre aqueles que não se alimentam das coisas mundanas e superficiais, mas das que nos são expressas, dentro de nós, pela voz de Deus que está no coração de cada pessoa. Se a escutarmos, faz-nos penetrar num reino que não é deste mundo. Um reino onde se vive o amor verdadeiro, a justiça, a pureza, a mansidão, a pobreza. Onde vigora o domínio de si mesmo.
Porque é que muitos jovens fogem para o Oriente, para a Índia, por exemplo? E porque tentam encontrar ali um pouco de silêncio e aprender o segredo de algumas figuras importantes, grandes na espiritualidade, que, pela profunda mortificação do seu "eu" inferior, deixam transparecer um amor (...) que impressiona todos os que deles se aproximam. É a reacção natural à confusão do mundo, ao barulho que reina fora e dentro de nós, que já não dá espaço para o silêncio, para se ouvir Deus.
Coitados de nós! Mas será mesmo preciso ir à Índia, quando há dois mil anos Cristo nos disse:
«nega-te a ti mesmo... nega-te a ti mesmo...»?
A vida cómoda e tranquila não é para o cristão. Se quisermos seguir Cristo, ele não pediu nem nos pede menos do que isto.
O mundo invade-nos como um rio na época das cheias, e nós temos que ir contra a corrente. O mundo para o cristão é um matagal cerrado, e é preciso ver onde se põem os pés. E onde é que devemos pôr os nossos pés? Sobre aquelas pegadas que o próprio Cristo, ao passar nesta Terra, nos deixou assinaladas: são as Suas Palavras. Hoje, Ele diz-nos de novo:
«Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me» [Lc 9, 23].
Por causa disso, talvez se venha a ser alvo de desprezo, de incompreensão, de zombarias, de calúnias. Podemos ter que nos isolar, que aceitar a desconsideração, que abandonar um cristianismo de fachadas.
Mas Jesus continua:
«Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me» [Lc 9, 23].
Quer queiramos, quer não, o sofrimento amargura a nossa existência. Também a tua. E, todos os dias, chegam-nos pequenos ou grandes sofrimentos. Gostarias de te livrar deles? Revoltas-te? Dão-te vontade de te lamentares? Então, não és cristão.
O cristão ama a cruz, ama o sofrimento, mesmo entre lágrimas, porque sabe que tem valor. Não foi em vão que, entre os muitos meios de que Deus dispunha para salvar a humanidade, escolheu o sofrimento. Mas Ele - lembra-te -, depois de ter levado a cruz e de ser nela crucificado, ressuscitou.
A ressurreição é também o nosso destino (cf. Jo 6, 40). Se aceitarmos com amor - em vez de o desprezarmos - o sofrimento que nos vem da nossa coerência cristã e todos os outros que a vida nos traz, havemos de experimentar, então, que a cruz é o caminho, já nesta Terra, para uma alegria nunca antes experimentada. A vida da nossa alma começará a crescer. O reino de Deus em nós adquirirá consistência. E lá fora, pouco a pouco, o mundo vai desaparecendo aos nossos olhos e parecer-nos-á de cartão. E já não vamos ter inveja de ninguém.
Nessa altura já nos podemos considerar discípulos de Cristo:
«Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me» [Lc 9, 23].
E, como Cristo a quem seguimos, seremos luz e amor para as chagas sem número que dilaceram a humanidade de hoje.
(Palavra de Vida de Julho de 1978, publicada em “Essere la tua Parola, Chiara Lubich e cristiani di tutto il mondo”, Roma 1980, pp. 67-69)

sábado, 25 de outubro de 2008

XXX Domingo do Tempo Comum - ano A
“… partindo de vós,
a Palavra de Deus ressoou…”

São Paulo aos 1ª Tessalonicenses

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Meu Deus, como és bom por me teres feito nascer na Igreja,
nesta arca onde se está bem,
onde se está seguro,
tão bem provida de tudo,
onde reina tanta doçura, tanta santidade e tanta felicidade,
onde apenas me devo deixar levar
para poder ser sempre feliz.
Mas Tu, Ó meu Deus, ainda fazes mais:
Tu vieste procurar-me
e, através de mil pequenas astúcias,
com uma doçura infinita,
fizeste-me entrar nela...
Depois lá, entregaste-me um dos melhores lugares...
Meu Deus, como és bom! Como sou feliz!
Ó meu Deus, depois de tantas graças,
concede-me a de ser sempre agradecido e fiel.
E que no último momento possa dizer:
“Morro filho da Igreja”.
Adaptação de um texto do Beato Carlos de Foucauld

domingo, 19 de outubro de 2008

Hoje são inúmeros aqueles que esperam o anúncio do Evangelho,
aqueles que se sentem sequiosos de esperança e de amor.
A actividade missionária
é a resposta ao amor com que Deus nos ama.
É Deus, que É Amor, quem conduz a Igreja
rumo às fronteiras da humanidade.
Papa Bento XVI
da Mensagem para o Dia Mundial das Missões, 19 de Outubro de 2008

sábado, 18 de outubro de 2008

XXIX Domingo do Tempo Comum - ano A
"O nosso Evangelho
não vos foi pregado somente com palavras,
mas também com obras poderosas,
com a acção do Espírito Santo”.

São Paulo aos Tessalonicenses

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Nada te perturbe, nada te espante,
tudo passa,
Deus não muda,
a paciência tudo alcança;
quem a Deus tem, nada lhe falta:
só Deus basta.
Eleva o pensamento, ao céu sobe,
por nada te angusties,

Nada te perturbe.
A Jesus Cristo segue com peito grande,
e, venha o que vier,

nada te espante.
Vês a glória do mundo?
É glória vã; nada tem de estável,

tudo passa.
Aspira às coisas celestes, que sempre duram;
fiel e rico em promessas,

Deus não muda.
Ama-O como merece, Bondade imensa;
mas não há amor fino

sem a paciência.
Confiança e fé viva mantenha a alma,
que quem crê e espera

Tudo alcança.
Do inferno acossado muito embora se veja,
burlará os seus furores

Quem a Deus tem.
Advenham-lhe desamparos, cruzes, desgraças;
sendo Deus o seu tesouro,

Nada lhe falta.
Ide, pois, bens do mundo,
Ide, ditas vãs;
ainda que tudo perca,

Só Deus basta.
Santa Teresa de Jesus

sábado, 11 de outubro de 2008

XXVIII Domingo do Tempo Comum - ano A
“Tudo posso n’Aquele que me conforta”.
São Paulo aos Filipenses

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Oração pelo bom êxito do Sínodo dos Bispos
Senhor Jesus Cristo,
a quem o Pai nos recomendou
escutar como seu Filho amado:
iluminai vossa Igreja,
a fim de que nada seja para ela mais santo
que ouvir vossa voz e seguir-vos.
Vós sois Sumo Pastor e Senhor de nossas almas,
dirigi o Vosso olhar aos Pastores da Vossa Igreja,
que nestes dias se reúnem com o Sucessor de Pedro
em Assembleia Sinodal.
Imploramo-Vos que os santifiqueis na verdade
e os confirmeis na fé e no amor.
Senhor Jesus Cristo,
enviai o Vosso Espírito de amor e de verdade
sobre os Bispos que celebram o Sínodo
e sobre aqueles que os assistem em suas tarefas:
fazei com que sejam fiéis ao que o Espírito diz às Igrejas
e, deste modo, inspirai suas almas
e ensinai-lhes a verdade.
Através de seu trabalho,
que os fiéis possam ser purificados
e reforçados no espírito para aderir ao Evangelho da salvação
por vós realizada e se convertam em oferta viva ao Deus do céu.
Maria, Mãe de Deus e Mãe da Igreja,
assisti hoje os Bispos
como um dia assististes os Apóstolos no Cenáculo,
e intercedei com a vossa materna ajuda
para promover entre eles a comunhão fraterna,
a fim de que, em prosperidade e paz,
possam alegrar-se na serenidade destes dias
e, perscrutando com amor os sinais dos tempos,
celebrar a majestade de Deus misericordioso,
Senhor da história,
para o louvor e glória da Santíssima Trindade,
Pai, Filho e Espírito Santo. Ámen.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

XII Assembleia Geral Ordinária
do Sínodo dos Bispos

Ocorre de 5 a 26 de Outubro a XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos convocado pelo Papa Bento XVI e tem como tema: "A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja". Na homilia da Eucaristia de Inauguração do Sínodo sobre a Palavra de Deus, no passado dia 5 de Outubro, entre outras coisas, o Santo Padre disse-nos:
“Só a Palavra de Deus pode transformar em profundidade o coração do home
m. Assim, é importante que com ela entrem em intimidade sempre crescente cada um dos crentes e as comunidades. A assembleia sinodal dirigirá a sua atenção a esta verdade fundamental para a vida e missão da Igreja. Alimentar-se da Palavra de Deus é para a Igreja a primeira e fundamental tarefa.
É necessário colocar no centro da nossa vida a Palavra de Deus, acolher Cristo como nosso único Redentor, como o Reino de Deus em pessoa, para fazer com que a sua luz ilumine todos os âmbitos da humanidade: da família à escola, à cultura, ao trabalho, ao tempo livre e aos outros sectores da sociedade e da nossa vida.”

sábado, 4 de outubro de 2008

XXVII Domingo do Tempo Comum - ano A
“… tudo o que é verdadeiro e nobre,
tudo o que é justo e puro,
tudo o que é amável e de boa reputação,
tudo o que é virtude e digno de louvor
é o que deveis ter no pensamento”.
São Paulo aos Filipenses

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Ocorre, hoje, o 32º aniversário da solene Canonização da alentejana campomaiorense Beatriz da Silva e Meneses.
A cerimónia decorreu na Basílica de São Pedro do Vaticano, em Roma, a 3 de Outubro de 1976, tendo sido presidida pelo Romano Pontífice de então, o Papa Paulo VI.
Queremos fazer memória deste acontecimento eclesial tão importante para Portugal, pois Santa Beatriz da Silva, até ao momento, é a única mulher portuguesa a ser canonizada.
Fórmula da Canonização
(pronunciada pelo Papa Paulo VI)
Em honra da Santa e Indivisa Trindade,
para a exaltação da fé Católica
e incremento da vida cristã,
com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo,
dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e a Nossa,
depois de madura deliberação
e implorando muitas vezes o auxílio divino,
e com o conselho de muitos dos Nossos Irmãos,
decretamos e definimos que
a Beata Beatriz da Silva É SANTA,
e a inscrevemos no catálogo dos Santos,
estabelecendo que deve ser venerada com piedosa devoção
entre os Santos da Igreja Universal.
Em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Palavra de Vida
Outubro de 2008
Chiara Lubich
«Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante, será lançada no vosso regaço» (Lc 6, 38).
Nunca te aconteceu receberes uma prenda de um amigo e sentires logo o desejo de lhe retribuir? E de fazer isso não tanto para cumprir uma obrigação, mas por um sentimento verdadeiro de amor e reconhecimento? Tenho a certeza que sim.
Se isto sucede connosco, imagina como será com Deus, com Deus que e Amor.
Ele retribui sempre todas as ofertas que fazemos aos nossos próximos em Seu nome. É uma experiência que os cristãos verdadeiros fazem com muita frequência. E, de cada vez, e sempre uma surpresa. Nunca nos habituamos à imaginação de Deus. Poderia dar-te mil ou dez mil exemplos. Poderia até escrever um livro acerca disso. Verias como é verdadeira aquela imagem - «uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante, será lançada no vosso regaço» -, que representa a abundância com que Deus retribui, representa a Sua magnanimidade.
«Já era noite em Roma. No apartamento de uma cave, um pequeno grupo de raparigas, que queriam viver o Evangelho, davam as boas-noites. Nisto, toca a campainha. Quem seria àquela hora? Era um homem, em pânico, desesperado: no dia seguinte ia ser expulso de casa com a família, porque não tinha dinheiro para pagar a renda. As raparigas olharam umas para as outras e, num acordo silencioso, abriram a gavetinha onde, em envelopes separados, tinham guardado o resto dos seus salários e uma reserva para pagar o gás, o telefone e a electricidade. Deram tudo àquele homem, sem pensar duas vezes. E foram dormir, felizes. Alguém haveria de pensar nelas. Mas ainda o dia não tinha nascido, quando o telefone tocou. "Vou já para aí, de táxi", disse aquele mesmo homem. Admiradas com o meio de transporte que ia usar, as raparigas ficaram à espera. Pela expressão do visitante, qualquer coisa tinha mudado: "Ontem à noite, quando cheguei a casa, encontrei uma carta a comunicar-me uma herança que nunca pensei que fosse receber. O meu coração sugeriu-me logo que vos desse metade do dinheiro”: A quantia era exactamente o dobro daquilo que elas generosamente tinham dado».
«Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante, será lançada no vosso regaço» (Lc 6, 38).
Já alguma vez fizeste uma experiência deste género? Se ainda não, lembra-te que a nossa oferta deve ser feita desinteressadamente, a quem quer que nos peça, sem esperar que seja retribuída.
Experimenta. Mas não o faças para ver o resultado, mas só porque amas a Deus.
Vais dizer-me: «Mas eu não tenho nada».
Não é verdade. Se quisermos, temos tesouros imensos e inesgotáveis: o nosso tempo livre, o nosso afecto, o nosso sorriso, o nosso conselho, a nossa cultura, a nossa paz, a nossa palavra para convencer aqueles que podem dar qualquer coisa a quem não tem...
Vais-me dizer ainda: «Mas eu não sei a quem dar».
Olha à tua volta: lembra-te daquele doente no hospital, daquela senhora viúva sempre sozinha, daquele teu colega tão desanimado porque perdeu o ano, daquele jovem desempregado sempre triste, do teu irmãozito que precisa da tua ajuda, daquele amigo que está na cadeia, daquele aprendiz hesitante. É neles que Cristo está à tua espera.
Assume um novo tipo de comportamento, o do cristão - totalmente impregnado de Evangelho -, que é um comportamento anti-egoísta e despreocupado. Renuncia a pôr a tua segurança nos bens da Terra e apoia-te em Deus. É assim que se irá ver a tua fé n'Ele. E em breve será confirmada, pela oferta que voltarás a receber.
E é lógico que Deus não procede assim para te enriquecer ou para nos enriquecer. Ele faz isso para que outros, muitos outros, ao ver os pequenos milagres que se realizam com o nosso dar, também façam o mesmo. Ele faz isso para que, quanto mais tivermos, mais possamos dar. Para que - como verdadeiros administradores dos bens de Deus - façamos circular tudo na comunidade que nos rodeia, até que se possa dizer, como se dizia da primeira comunidade de Jerusalém: entre eles não havia nenhum pobre (cf. Act 4, 34).
Vais sentir que, assim, contribuis para dar uma segurança interior à revolução social que o mundo espera.
«Dai e ser-vos-á dado». É claro que Jesus estava a pensar, em primeiro lugar, na recompensa que vamos receber no Paraíso. Mas tudo o que acontece nesta Terra e já um prelúdio e uma garantia do Paraíso.
(Palavra de Vida, Junho de 1978. Publicada em Essere la tua Parola, Chiara Lubich e cristiani di tutto il mondo, Roma, 1980, pp. 49-51)

domingo, 21 de setembro de 2008

XXVI Domingo do Tempo Comum - ano A
“Procurai somente viver
de maneira digna do Evangelho de Cristo."
São Paulo aos Filipenses

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Exultemos de alegria no Senhor,
ao celebrar o nascimento
da Virgem Santa Maria,
da qual nasceu o sol da justiça,
Cristo nosso Deus.

(Antífona de Entrada)

«Conscientes do papel importante que Maria tem na existência de cada um, enquanto filhos fiéis, celebramos hoje o seu nascimento. Este acontecimento constitui uma etapa fundamental para a família de Nazaré, berço da nossa redenção; um acontecimento que se refere a todos nós, porque cada dom de Deus concedido a ela, sua Mãe, foram concedido pensando também em cada um de nós, seus filhos. Por isso, é com grande reconhecimento, que pedimos a Maria, Mãe do Verbo encarnado e Mãe nossa, de proteger cada mãe sobre a terra, as que, com seu marido, educam seus filhos num contexto familiar harmonioso, e as que, por numerosos motivos, se encontram sós para enfrentar um papel tão árduo. Que todas possam exercer com entrega e fidelidade o serviço quotidiano na família, na Igreja e na sociedade. Que a Virgem sejam para todas amparo, conforto e esperança!»
Bento XVI, Angelus no Santuário de Nª Srª de Bonaria, Sardenha, Itália, 07/09/2008